Esse ano foi um ano esquisito, um ano que o álcool e gel sumiram das prateleiras, a falta de humanidade de alguns governos ficou escancarada, famílias que não se conheciam tiveram que se olhar pelo fato de ficarem trancadas em casa (tirando os que deram um jeito de fugir) muitos perderam o emprego, conforto, pessoas e até a vida.

Isso tudo em algum momento criou em muito a falsa percepção de que o mundo estava, ou está, no fim. Mas a grande verdade é que tudo isso vai passar. Sem aquela fala piegas e simplista daqueles que falam que vai ficar tudo bem se sequer acreditarem, tudo isso vai passar. A questão é que muitas vezes olhamos para nós e não nos sentimos capazes para dar conta desse turbilhão de problemas, e eu preciso te conta um segredo, baixinho para ninguém ouvir, ok?

Você não precisa dar conta de um turbilhão de problemas, você pode ser uma pessoa comum e errar. As vezes a bolacha cai com a manteiga virada para baixo, e tanto você quanto eu, apesar da nossa pouca falta de fé, precisamos buscar nos preparar para quando isso acontecer e redefinir nossas estratégias nas diversas áreas de nossa vida.

Acontece que geralmente as pessoas lidam com as dificuldades do dia a dia de um modo tranquilo até pelo fato de estarem acostumadas, mas as vezes o calo aperta, as vezes as coisas saem do controle e quando isso acontece, vai outro segredo, essas estratégias e algumas ferramentas, ou melhor, nossas competências entram em cena para assumir o controle e resolver a situação.

Para explicar isso de uma forma bem simples, quanto é 2+2? Fácil, não é? Qualquer criança sabe que a resposta é 4 sem precisar pensar. Agora e se eu te perguntar, quanto é 27X49? Você provavelmente vai acionar outras ferramentas para me dar a resposta, ou uma calculadora, ou fazer a conta em uma folha, mas ao não ser que seja alguém superdotado, essa resposta não virá de modo automático. Para os que nem tentaram fazer a conta a resposta é 1323.

Esse é um exemplo descrito em um dos melhores livros sobre psicologia e economia que já li. Rápido e Devagar, do Daniel Kahneman. Mas o que quero chamar a sua atenção é para o fato que no dia a dia estamos acostumados a resolver problemas de forma automática, como uma conta de 2×2, mas quando algo surge de modo diferente, muitos acabam se desesperando a ponto de se esquecerem que possuem competências suficiente para resolver as dificuldades se ao menos se acalmarem e pensarem em alternativas.

Talvez você se acostumou tanto com sua rotina, aprendeu a lidar tão facilmente com seus problemas que ao menor sinal de que as coisas estão fugindo do controle a ansiedade já aparece. Mas para esse ano de 2021 é importante lembrar que as competências surgem exatamente quando as coisas ficam difíceis.

Você conhece as competências que possui? Não estou falando de qualidades, mas sim de um conjunto de conhecimentos, de habilidades, e de atitudes que tornam alguém competente para alguma atividade ou situação. Quando peço aos meus alunos para que eles me falem acerca de suas competências percebemos juntos o quanto é difícil percebê-las embora elas estejam tão presentes.

Um exemplo disso é mulher, mãe de 3 filhos, que se encontra sozinha e se vira do avesso para sair trabalhar as 6 horas da manhã, deixar seu filho em uma creche só confirmando o que diria Milton Nascimento, sobre uma gente que tem a “estranha mania de ter fé na vida”.

Os profissionais da saúde que nesse ano tão difícil estavam na linha de frente, encarando a vida e a morte para que muitos pudessem ler esse artigo.

Você, que mesmo endividado está lutando e tirando forças sabe-se lá de onde para seguir em frente em busca de uma vida melhor.

Saiba que nossas competências são mobilizadas para aumentar o esforço quando ela percebe que precisa entrar em ação. Então não se desespere. Quando as coisas ficarem difíceis as forças surgem.

Apesar das coisas ficarem ou estarem difíceis, como diria o bom e velho Renato Russo, “nossa história não está pelo avesso assim, sem final feliz”.