3 lições da economia comportamental que vão te ajudar a pagar suas dívidas.

O melhor modo de pagar suas dívidas é parar de pensar nisso e partir para a ação. Mas, e se na hora de colocar isso em prática seu cérebro te impede de agir? Aí talvez seja a hora de usar algumas lições da economia comportamental.

O maior desafio das pessoas está relacionado a tentar mudar seus comportamentos. Mas, ao invés disso, se você entender os porquês de seus descontroles, terá maiores possibilidades de assumir o controle e mudar seu comportamento para viver uma vida financeira mais tranquila.

Como psicólogo e planejador financeiro, busco entender os desafios ao mudar o comportamento humano. Diante disso, vou trazer alguns conselhos sobre como lidar com nossos crescentes problemas de dívida através de um olhar da economia comportamental, buscando entender como nossos atalhos mentais podem nos levar a vieses e padrões previsíveis na vida e nas decisões financeiras.

1 – Cuidado com o ‘Efeito Avestruz’

O primeiro desafio para quitar dívidas é encontrar uma forma de fazer frente a essas contas.

Se percebemos que gastamos muito dinheiro naquele mês, é muito difícil olhar para a fatura do cartão de crédito. Nós temos uma tendência a não abri-lo. Costumamos chamar isso de efeito avestruz, onde as pessoas tendem a enterrar a cabeça na areia, mesmo que isso signifique que pagará altos juros. Não queremos olhar e ver quanto gastamos.

Existem duas táticas comportamentais que podem ajudá-lo a superar seu medo de abrir contas.

1 – Obtenha extratos automáticos do banco, assim é uma mensagem chegará automaticamente em seu e-mail facilitando sua visualização.

2 – Próximo ao vencimento, escreva em sua agenda ou em algum lembrete do celular “não esqueça de olhar a fatura do cartão de crédito”, isso vai te ajudar a lembrar de olhar para a fatura e perceber o que está em excesso, o que precisa tirar e o quanto ainda pode gastar.

2 – Aversão à Perda: Aumente a dor do pagamento com dinheiro

Qual cenário de compras facilita os gastos: pagar em dinheiro em uma loja física ou fazer pedidos online com cartão de crédito? A maioria das pessoas acha mais fácil cobrar online. Isso se dá por conta de um viés comportamental chamado aversão à perda, no qual estamos mais motivados a evitar perdas do que a obter ganhos.

A economia comportamental e a aversão à perda sugerem que ao pagar com cartão de crédito ou de forma online não temos a percepção de que estamos nos separando do dinheiro, portanto, uma maneira de reduzir nossos gastos pode ser começar a pagar pelas coisas em loja física e com dinheiro..

Um grande motivo pelo qual as pessoas não economizam seu dinheiro é porque não conseguem enxergar seu dinheiro indo embora. É interessante usar seu cartão de crédito para grandes compras porque elas são significativas e nós nos lembramos delas, no entanto, muitos usam para compras recorrentes, como supermercado ou combustível. Isso é um perigo, pois no mês seguintes, essas comprar serão feitas novamente.

3 – Olhe para o futuro com um dispositivo de compromisso

Para planejar com antecedência um futuro livre de dívidas, você precisa de duas coisas: um plano e uma maneira de superar um comportamento chamado viés do presente, essa é uma tendência de supervalorizar recompensas imediatas em detrimento de metas de longo prazo.

Escolher gastar R$ 100,00 hoje em coisas que te dão prazer em vez de contribuir com esse dinheiro para um curso ou investir em algo que queira mais para frente, é um exemplo de como o viés do presente pode funcionar contra nós quando tentamos aumentar nossa poupança ou reduzir a dívida.

Deixo mais duas dicas para ajudar a superar um viés presente e se beneficiar financeiramente no futuro.

1 – Defina um padrão, que tal agendar um pagamento automático programado todos os meses para lidar com dívidas ou construir economias. Com isso, mesmo sem perceber, todo mês esse dinheiro vai sair da sua conta e vai diretamente para a construção do seu sonho.

2 – Existe uma técnica da comportamental chamada dispositivo de compromisso, é uma maneira de se prender a seguir um plano que é bom para você amanhã, apesar de ser difícil hoje.

Olhe para trás em três meses de dados financeiros para ver onde você está gastando dinheiro e o que não é essencial. O que pode ser renunciado? Pegue esses itens e coloque-os em uma folha de sulfite e escreva uma lista chamada ‘não vou fazer X, Y e Z’. Pode parecer bobinho, mas te ajuda a visualizar se faz sentido gastar com aquele item.

Agora vem a parte do compromisso, na parte inferior da folha você vai escrever: ‘Eu não vou fazer essas compras acima’, e assina.

Compartilhe seu compromisso de redução de dívidas com seus amigos, pais, parceiros para que eles possam ajudá-lo a atingir seu objetivo.

Os dispositivos de compromisso ajudam a quebrar hábitos, ajudam as pessoas a comerem de forma saudável, ir à academia, e tem se mostrado uma das melhores maneiras de fazer com que as pessoas contribuam para sua meta de economia de longo prazo.

E se você escorregar?

Lembre-se que você é um homo sapiens e não um homo econs, como diz Richard Thaler, um economista comportamental que gosto muito. Somos todos Homer Simpson, e precisamos aprender com ele e com nossos impulsos e limitações. Ou seja, todos somos seres humanos, incríveis, mas, não podemos esquecer, somos humanos.

Levante e comece novamente…

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